Medicamento experimental é capaz de aumentar com segurança a força muscular e a função física em pacientes com câncer e com baixos níveis de testosterona. Resultados do estudo realizado por pesquisadores dos Estados Unidos serão apresentados na 94ª edição da Endocrine Society Annual Meeting, em Houston.
O medicamento, chamado enobosarm, é o primeiro de uma nova classe de drogas conhecidas como moduladores seletivos do receptor de androgénio, que são semelhantes aos esteróides no que diz respeito ao efeito sobre o crescimento da força, mas, apresenta menos efeitos colaterais adversos.
Perda de massa muscular é um problema significativo para muitos pacientes com câncer, devido aos desequilíbrios nos sistemas corporais causados pela doença. Além disso, esta perda de massa muscular pode estar relacionada com baixos níveis de testosterona, ou hipogonadismo, que afeta cerca de 50% dos homens durante a fase final de tratamento contra o câncer.
Perda de massa muscular pode seriamente limitar a mobilidade, funcionamento e qualidade de vida dos pacientes afetados.
Em ensaio clínico, o enobosarm demonstrou melhorar de forma significativa a função física em pacientes com baixos níveis de testosterona, como também pacientes com níveis normais do hormônio. Entre o grupo de baixo nível de testosterona, função física melhorou em 19%, enquanto em pacientes com dosagens hormonais normais a capacidade funcional foi aumentada em 13%. No início do estudo, 60% dos pacientes tinham níveis de testosterona subnormais, perderam mais peso e sofreram quedas maiores no funcionamento físico do que os pacientes com concentrações hormonais normais.
"Estes dados fornecem evidências de que o enobosarm pode desempenhar um papel importante no tratamento do enfraquecimento muscular relacionado ao câncer, como também no tratamento de baixos níveis de testosterona", diz o principal autor do estudo Adrian Dobs, do Johns Hopkins University Medical School.
O estudo global incluiu 159 pacientes com câncer, dos quais 65% eram homens. As mulheres inscritas estavam na pós-menopausa e os homens possuíam mais de 45 anos de idade.
Os voluntários tinham perdido em média cerca de 8% do peso corporal nos seis meses anteriores ao estudo, e tinham um índice de massa corporal inferior a 35. Além disso, todos os pacientes tinham recebido um diagnóstico de câncer, que incluiu um dos seguintes: carcinoma de pulmão não-pequenas células, câncer colorretal, linfoma não-Hodgkin, leucemia linfocítica crônica e câncer de mama.
Este estudo analisou em particular um subconjunto dessa população, que compreendeu 93 pacientes do sexo masculino. Sessenta por cento destes homens tinham níveis baixos de testosterona no início do ensaio. Investigadores dividiram aleatoriamente estes pacientes para receberem 1 ou 3 miligramas de enobosarm oral ou placebo ao dia durante 16 semanas. Uma vez que o julgamento foi duplo-cego, nem os pacientes nem os pesquisadores sabiam qual grupo recebia a droga e qual recebia placebo. No início do estudo e no final, os pesquisadores avaliaram o funcionamento físico do paciente usando um teste da escada.
De acordo com Dobs, este estudo lançou as bases para a investigação em curso examinando os efeitos enobosarm sobre o desgaste muscular específico entre pacientes com câncer de pulmão. "Enobosarm tem potencial de melhorar o desempenho físico e aumentar a massa muscular, fornecendo potecialmente melhoria da função física e da qualidade de vida para pacientes com câncer de pulmão", conclui Dobs.