Uma camisa equipada com sensores promete melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas, bem como reduzir custos de saúde. Pesquisadores financiados pela União Europeia desenvolveram um sistema domiciliar capaz de monitorar a frequência cardíaca, a respiração e a atividade física.
O novo sistema, desenvolvido no projeto Chronious, foi pensado para realizar acompanhamento remoto para pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e doença renal crônica (DRC). O projeto, que tem potencial para ser adaptado para monitorar uma variedade de outras desordens, é desenvolvido por um consórcio de 14 parceiros de oito países europeus e coordenado pelo cientista Roberto Rosso.
O sistema instalado em uma camiseta de baixo peso utiliza sensores que medem as atividades cardíacas, respiratórias e físicas. A peça atua em conjunto com outros dispositivos externos, tais como glicosímetro, monitor de pressão arterial, espirômetro e sensor de qualidade do ar instalados na casa ou no quarto do paciente para medir sinais vitais, físicos e ambientais. Estes aparelhos estão ligados em um dispositivo móvel, como smartphone ou PDA, que por sua vez transmite os dados do paciente ao seu prestador de cuidados, onde os mesmos são analisados com um software de processamento de dados inteligente.
A abordagem aberta, modular e flexível significa diferentes tipos de sensores podem ser usados, dependendo da condição do paciente individual, tornando o sistema particularmente adaptável a casos em que os pacientes vivem com dois ou mais tipos de desordem, tais como DRC e diabetes. Para os pacientes com DRC, em particular, a equipe Chronious desenvolveu um programa ingestão de alimentos com uma interface simples de utilizar que permite o acompanhamento da dieta do paciente pelo médico.
"Para os médicos uma das grandes vantagens desta abordagem é que os dados são altamente precisos. Os pacientes estão sendo monitorados todos os dias como eles vivem suas vidas normais, para uma melhor imagem dos seus sintomas e os progressos podem ser usados para determinar tratamentos", diz Rosso. "Por exemplo, comer corretamente é fundamental para reduzir os sintomas DRC, mas a prática atual se baseia no preenchimento de questionários por pacientes quando eles vão para um check-up e as informações que fornece podem não ser totalmente corretas."
"Mais dados, processados e analisados de forma inteligente, significa que tratamentos podem ser ajustados às necessidades individuais dos pacientes. E, porque os pacientes são monitorados remotamente, a necessidade de check-ups regulares é reduzida, poupando o tempo de médicos e pacientes", continua o cientista.
De acordo com dados colhidos em ensaios clínicos, o monitoramento remoto tem potencial para reduzir visitas ao hospital em até 30%, o que pode trazer redução significativa nos custos para os sistemas de saúde.
Os pesquisadores também estão trabalhando no desenvolvimento da tecnologia comercialmente, tanto para a saúde quanto para outros setores. Rosso conta que uma equipe italiana de rugby manifestou interesse em utilizar tecnologia de monitoramento para medir o desempenho dos jogadores durante os treinos.