A exposição à luz durante noite é essencial em uma sociedade que fica ligada 24 horas por dia, sete dias por semana, mas a prática pode ter consequências negativas sobre a saúde humana, alertam os médicos.
Esta semana, a American Medical Association (AMA) adotou uma polÃtica que reconhece que a exposição à luz excessiva durante a noite, incluindo luzes de telas de computador e outras mídias eletrônicas, pode perturbar o sono, particularmente de crianças e adolescentes. Além disso, especialistas alertam que exposição à luz durante a noite aumenta o risco de câncer.
"Estudos com animais sugerem que a exposição à luz durante 24 horas por dia aumenta drasticamente o risco de certos tipos de câncer. E estudos com seres humanos têm encontrado associação entre exposição à luz durante a noite e risco aumentado de câncer de mama", diz o e membro da AMA Mario Motta.
"A exposição à luz durante a noite interrompe a produção de melatonina, que é produzida durante o sono. Acredita-se que a melatonina pode ser um supressor de câncer, e que a exposição à luz pode acelerar o desenvolvimento da doença", explica o representante da AMA.
Em 2007, a International Agency for Research on Cancer classificou o trabalho em turnos da noite como "provavelmente carcinogênico".
A AMA chama atenção para a necessidade de mais pesquisas sobre os efeitos adversos da exposição à luz durante a noite para a saúde, bem como de desenvolvimento de novas tecnologias de iluminação que reduzem os efeitos de luz noturna no relógio biológico humano.
Outra preocupação da entidade é o risco da exposição à luz direta durante a noite para motoristas. "Quando está escuro, nossas pupilas se dilatam para deixar entrar mais luz. Mas, se olhamos para uma luz sem proteção (diretamente para a lâmpada), nossas pupilas irão contrair, resultando em pior visão", explica Motta. "É a mesma coisa de você estar dirigindo com metade de suas pálpebras fechadas", reforça.
Outros estudos sugerem que a exposição à luz durante a noite pode levar a ganho de peso, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar a hipótese.
"Considerando que os seres humanos evoluíram durante milhões de anos com um ciclo de aproximadamente 12 horas de luz e 12 horas de escuro não deveria ser surpresa de que existem consequêcias adversas de se manter as luzes acesas o tempo todo", diz Motta.
O pesquisador chama atenção sobre a crescente utilização dos meios eletrônicos, sobretudo por crianças e adolescentes. Ele explica que as telas emitem uma grande quantidade de luz azul, conhecida para suprimir a produção de melatonina e afetar o sono. Motta aconselha que pais mantenham seus filhos em horários de sono regulares (indo para a cama diariamente nos mesmo horário). Segundo o pesquisador, o ideal é não ter nenhuma luz no ambiente, mas se a criança tiver medo do escuro, "o melhor a ser feito é utilizar uma luz vermelha difusa", conclui.