Discriminação sentida por adolescentes com base em sua classe social contribui para mudanças fisiológicas associadas com piores estados de saúde.
"Resultados do estudo sugerem que o estresse causado pela discriminação de classe social pode ser um fator importante para explicar a influência negativa da pobreza sobre a saúde", diz o autor do estudo Thomas Fuller-Rowell, da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. Estudo foi publicado online na revista Psychological Science.
A pesquisa analisou jovens de 17 anos inscritos em um estudo de longo prazo da Universidade Cornell (EUA) sobre a pobreza rural. A grande maioria dos 252 adolescentes analisados eram brancos, desta forma, o estudo não abordou a questão do racismo.
"Experiências de discriminação são muitas vezes sutis e a razão exata para o tratamento injusto muitas vezes não é claro para a vítima", diz Fuller-Rowell. Por estas razões, ao invés de perguntar aos participanttes se eles já haviam vivenciado situações de discriminação devido às suas origens sociais, o estudo mediu as percepções gerais de discriminação. A equipe de pesquisa fez, por exemplo, perguntas como: quantas vezes as pessoas te tratam diferente por causa de sua origem?
Em seguida, os pesquisadores coletaram amostras de urina durante a noite, e outros testes para avaliar o estresse sobre o corpo, incluindo as medidas de pressão arterial e de hormônios relacionados ao estresse, como: adrenalina, noradrenalina e cortisol. Juntos, esses fatores podem medir a carga alostática uma pessoa, termo que descreve mudanças negativas para a saúde causadas por exposição frequente ao estresse.
O estudo descobriu que os adolescentes que cresceram em situação de pobreza apresentavam níveis mais elevados de discriminação e que a discriminação, por sua vez, possuía relação com a carga alostática. Em outras palavras, quanto mais pobres eram os adolescentes, mais eles experimentavam discriminação e piores eram os resultados de saúde dos mesmos. O modelo de estudo de Fuller-Rowell sugere que 13% dos efeitos negativos da pobreza sobre à saúde podem ser atribuídos à discriminação percebida.
"Nossos resultados sugerem que o estigma associado com a pobreza pode levar à discriminação de classe, que, ao longo do tempo, pode afetar a saúde de um indivíduo", diz Fuller-Rowell.
Segundo o pesquisador, o estudo sugere alguns caminhos possíveis para ajudar crianças a lidarem com a discriminação. "Falar sobre isso nas escolas e nos meios de comunicação é um começo", conclui Fuller-Rowell.