Os exames PET (Tomografia por emissão de pósitrons) e CT (Tomografia computadorizada), voltados para a detecção do câncer e ainda pouco utilizados no Brasil em relação a alguns países, vem sendo mais indicados por cardiologista brasileiros. O objetivo é aplicar o diagnóstico na pesquisa de viabilidade miocárdica, que mostra áreas do coração que não foram totalmente comprometidas por um infarto ou aquelas áreas do músculo cardíaco que permanecem vivas, mesmo quando recebem pouco sangue pela doença arterial coronária por período prolongado.
Segundo a chefe da seção de medicina nuclear do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Paola Smanio, essas áreas do músculo cardíaco podem deixar de ser identificadas por outros exames não invasivos. Isso pode ser determinante no diagnóstico, prognóstico e acompanhamento da doença, já que é o único exame que mostra o metabolismo do músculo cardíaco e, desta forma, áreas que podem ser preservadas quando o fluxo sanguíneo que chega até elas é reestabelecido.
Outras indicações para os exames são a identificação e a avaliação da extensão e gravidade das placas de aterosclerose nas artérias, além da medida de fluxo sanguíneo, informação importante em casos de estenoses - estreitamentos em várias artérias.
Segundo a cardiologista, " o exame PET traz informações funcionais e moleculares dos órgãos enquanto o exame CT fornece informações sobre a anatomia como tamanho, formato e localização. A combinação destas duas tecnologias, em um único exame, o PET-CT é de grande auxílio aos médicos no processo de decisão clínica" , afirma a especialista.
Atualmente, pela possibilidade de avaliar moléculas marcadas, o PET também vem sendo empregado em estudos experimentais, com animais e, de forma preliminar, em humanos, principalmente nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, para identificar placas de ateromas em algumas artérias, como as carótidas, além de acompanhar o crescimento de células miocárdicas e de novos vasos (angiogênese, terapia por células tronco, entre outros experimentos).
Ainda de acordo com a cardiologista, o PET-CT possivelmente se tornará muito importante para avaliar essas terapias regenerativas também em humanos? conta a cardiologista.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) ainda não aprovou o exame para uso na cardiologia. Alguns planos de saúde cobrem a técnica apenas para detecção de câncer pulmonar e linfomas, já que o custo no Brasil ainda é muito alto. " Nos próximos anos os avanços em cardiologia nuclear irão aprimorar as imagens o que permitirá expandir a capacidade de diagnosticar e tratar alterações em fases muito iniciais de doenças, evitando a progressão de muitos distúrbios cardiovasculares" , conclui a médica.