Os mecanismos específicos pelos quais os seres humanos e outros animais são capazes de diferenciar micróbios causadores de doenças de micróbios inócuos têm sido um mistério para cientistas. No entanto, estudo realizado com lombrigas por biólogos da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, identificou pistas importantes que podem finalmente esclarecer a questão
No artigo publicado no jornal online Cell Host & Microbe, pesquisadores relatam que as células intestinais da lombriga C. elegans, que possuem estrutura semelhante à dos humanos, internalizam as toxinas bacterianas que inativam vários processos infecciosos. Esta ação, em seguida, desencadeia uma resposta imune que resulta na montagem imediata de um ataque contra os micróbios causadores de doenças.
"O intestino humano é repleto de trilhões de bactérias, a maioria das quais são inócuas, ou até mesmo benéficas", diz a líder do estudo Emily Troemel, que continua: "no entanto, por vezes, os micróbios causam doenças, tal como ocorre em intoxicação alimentar.
O estudo realizado pela Universidade da Califórnia, além de dois outros - liderados por Frederick Ausubel do Massachusetts General Hospital e Ruvkun Gary da Harvard Medical School - publicados na Cell and Cell Host & Microbe, mostram que a forma como as células animais detectam um ataque por envenenamento ou por bactéria causadora de doenças se dá pelo monitoramento de suas funções. Os cientistas descobriram que se as células detectarem um déficit em suas funções, elas desencadeiam uma variedade de respostas antibacterianas ou antitoxinas contra os invasores.
A equipe de Troemel encontrou nos experimentos que um sistema genético particular, a via ZIP-2 de vigilância, foi utilizada pela lombriga na detecção de uma infecção causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa . Os biólogos também descobriram que uma toxina específica na bactéria - exotoxina A - bloqueia a síntese de proteína no intestino do verme.
Surpreendentemente, os pesquisadores concluem que este bloqueio leva a um aumento dos níveis de proteína do fator de transcrição ZIP-2 para induzir a expressão de genes de defesa. Assim, uma forma comum de ataque de patógenos age para ligar a defesa do hospedeiro, permitindo a discriminação de patógenos de micróbios inócuos.