O Paraná é o Estado que mais utiliza agrotóxicos no Brasil. Anualmente, são notificadas 320 ocorrências na área de saúde relacionadas ao uso destes produtos. A subnotificação ainda é um dos principais problemas encontrados pelos gestores durante o planejamento para evitar essas ocorrências. " Estima-se que para cada caso notificado, existam outros 50 que as autoridades sanitárias não têm conhecimento, o que dificulta o planejamento das ações" , explicou o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.
Para reverter esse quadro, a Secretaria está investindo no fortalecimento da rede de informações em saúde do trabalhador. " Estamos promovendo uma série de capacitações com profissionais que atuam diretamente com a população, seja na atenção primária ou na saúde do trabalhador. Além disso, o Estado também adotou um repasse de incentivos para os municípios, visando o fortalecimento dos sistemas de informação em saúde do trabalhador" , disse o diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, José Lúcio dos Santos.
A programação desta semana teve início na segunda-feira (2) com uma oficina para validar o instrumento de avaliação das intoxicações por agrotóxicos que será levado às instâncias, como CIB e CES, com vistas na adoção de sua aplicação. Já na terça (3), mais de 900 pessoas participaram de uma webconferência que abordou o diagnóstico, tratamento e notificação dessas intoxicações.
Projeto de pesquisa
O Centro Estadual de Saúde do Trabalhador já realiza um projeto de pesquisa, em parceria com a Universidade Federal do Paraná, com o objetivo de investigar as principais formas de contaminações químicas e seus impactos na saúde de trabalhadores. O estudo foi iniciado em 2009 e conta com a assessoria da doutora Heloísa Pacheco, referência técnica na área de toxicologia. Mais recentemente a Universidade Tuiuti, de Curitiba, também passou a fazer parte deste projeto.
" O Sistema Único de Saúde e as Universidades devem trabalhar em conjunto. A pesquisa deve ser mais valorizada. No caso da Saúde do Trabalhador, essa integração possibilita a construção de estratégias efetivas de monitoramento, prevenção e terapêutica adequada para cada caso e cada região" , afirmou Heloísa.
O projeto analisou a situação dos trabalhadores de municípios das regionais de saúde de Cascavel e do município de Rio Azul, pertencente a regional de saúde de Irati. " O estudo é inovador e serve como ponto de partida para uma discussão nacional entorno da elaboração de um protocolo de avaliação das intoxicações crônicas por agrotóxicos" , explicou dos Santos.