Exposição ao amianto aumenta de maneira significativa risco de desenvolver doenças cardíacas e derrame. A hipótese é defendida por pesquisa publicada na revista Occupational and Environmental Medicine, que ainda indica que as mulheres parecem estar em maior risco do que homens.
É sabido que trabalhadores expostos a fibras de amianto são mais propensos a desenvolver doenças pulmonares graves, tais como mesotelioma e asbestose. Agora investigadores expõe o impacto do amianto como agente inflamatório sobre o risco de doença cardíaca e derrame. A equipe de pesquisa analisou a causa de morte entre cerca de 100 mil trabalhadores expostos às fibras de amianto, que participaram de um acompanhamento regular de saúde voluntária respondendo a perguntas sobre os níveis de exposição ao material.
O período de acompanhamento médio foi de 19 anos, com o primeiro exame tendo sido realizado há 35 anos. A maioria dos homens que participaram da pesquisa trabalhou na remoção de amianto, enquanto a maioria das mulheres trabalhava na indústria de transformação.
Mais da metade dos homens (58%) e mulheres (52%) eram fumantes no momento de seu primeiro exame médico, proporção que caiu apenas ligeiramente (55% e 49%) no momento do último exame médico. Hábito é conhecido por se configurar como fator de risco para ataque cardíaco e derrame.
A equipe de pesquisa comparou o número de mortes por acidente vascular cerebral e ataques cardíacos entre esses trabalhadores entre 1971 e 2005 contra o número que seria esperado para ocorrer na população geral (taxas de mortalidade padronizadas).
Durante o período de estudo, 15.557 pessoas morreram de todas as causas. Sendo cerca de mil causadas por derrame, enquanto outras 4 mil por doença cardíaca.
Com base nas taxas de mortalidade padronizadas, os trabalhadores expostos ao amianto foram significativamente mais propensos a morrer de doença cardiovascular do que a população geral, mesmo levando em conta o tabagismo.
Trabalhadores expostos ao amianto do sexo masculino foram 63% mais propensos a morrer de AVC, enquanto 39% de doença cardíaca. Os valores correspondentes para as mulheres foram, respectivamente, 100% e 89%. Estudo ainda encontrou evidências de que quanto maior o tempo de exposição ao amianto, maior era a probabilidade de morrer de doença cardíaca.