Uma série de doenças como o herpes e certas formas de câncer podem ser usadas por médicos como indicadores da presença de HIV, de acordo com cientistas da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.
Os resultados sugerem que pessoas diagnosticadas com oito tipos de doenças devem passar por testes para detectar precocemente a presença do vÃrus da Aids.
Metade das pessoas que vivem com HIV é diagnosticada muito tarde. As pessoas infectadas por transmissão heterossexual representam atualmente 42% desses diagnósticos tardios.
Segundo a UNAIDS, 2,5 milhões de europeus carregam uma infecção por HIV, e quase 900 mil destes ainda não estão cientes da doença.
O co-presidente da iniciativa HIV in Europe, Ton Coenen, sugere que isso ocorre porque a questão da AIDS não é mais prioridade na agenda de muitos paÃses europeus e porque as pessoas têm a opção de escolher passar por testes para o HIV.
No entanto, quanto mais cedo os indivÃduos são detectados com a doença, mais cedo eles iniciam terapia e maiores são suas chances de sobrevivência e sua qualidade de vida.
Além disso, pesquisas têm mostrado que a terapia também reduz o risco de transmitir a infecção para outra pessoa.
Oito novos indicadores
Especialistas já têm conhecimento de uma lista de doenças que servem como indicadoras da presença da Aids no organismo, a grande maioria indica um sistema imunológico fraco.
Segundo o pesquisador Jens Lundgren, este é um sintoma de HIV que deve levar um médico a recomendar um teste de HIV imediato.
"Precisamos encontrar pessoas que vivem com HIV mais cedo do que atualmente acontece, mas para isso é preciso que os médicos e outros profissionais de saúde ofereçam testes para pessoas que apresentam doenças indicativas", observa.
A iniciativa HIV in Europe assumiu este desafio em 2009 e iniciou um estudo que investigou se oito novas doenças e provaram ser sinais de uma infecção pelo HIV não diagnosticado entre 3588 pessoas avaliadas.
Os resultados revelam que se um adulto tinha infecção sexualmente transmissÃvel, linfoma, câncer cervical ou anal, displasia, herpes zoster, hepatite B ou C, doença semelhante à mononucleose em curso, declÃnio inexplicável e persistente no número de glóbulos brancos circulantes, o risco de infecção pelo HIV foi significativamente elevado.
Os especialistas afirmam que essas doenças devem levar a testes para avaliar a presença do HIV. Apesar das novas condições poderem ser indicadoras da Aids, elas não significam necessariamente que o paciente tem o HIV.
De acordo com eles, a incidência do HIV é apenas globalmente maior para pessoas com essas oito doenças indicadoras.
As novas evidências e orientações vão ser debatidas na Conferência HIV in Europe, a ser realizada no mês de março em Copenhagen.
"Na conferência HIV in Europe estaremos discutindo como disseminar o conhecimento das novas doenças indicadoras de HIV para que médicos e profissionais de saúde em toda a Europa recomendem testes para detectar a doença imunodeficiente", ressalta Lundgren.