Cientistas dos Estados Unidos desenvolveram uma ferramenta de diagnóstico capaz de detectar dislexia em crianças em idade pré-escolar. "Nós a chamamos de paradoxo da dislexia", diz Nadine Gaab do Laboratories of Cognitive Neuroscience no Children's Hospital, em Boston.
A equipe de pesquisa relata ser capaz de ver sinais da doença por meio de imagens cerebrais em crianças entre 4 e 5 anos, momento, que segundo os pesquisadores, pacientes com dislexia são mais capazes de responder às intervenções.
Em entrevista a Reuters, Gaab observa que a maioria das crianças não são diagnosticadas até o terceiro ano de estudo - com cerca de 7 ou 8 anos de idade -, e que as intervenções funcionam melhor em crianças mais novas, antes que elas comecem a aprender a ler.
"Muitas vezes, no momento em que elas obtêm um diagnóstico, geralmente elas já passaram três anos ouvindo seus pares dizendo que elas são estúpidas, os pais dizendo que são preguiçosas. Sabemos que elas têm baixa auto-estima. Elas estão realmente lutando", diz Gaab.
O estudo
Para o estudo, Gaab e seus colegas escanearam os cérebros de 36 crianças em fase pré-escolar, enquanto elas realizavam uma série de tarefas, como tentar definir se duas palavras começam com o mesmo som.
Eles descobriram que, durante essas tarefas, as crianças que tinham um histórico familiar de dislexia tiveram menor atividade cerebral em determinadas regiões do cérebro do que as crianças de idades, inteligência e status socioeconômico semelhantes.
As crianças mais velhas e os adultos com dislexia têm disfunção nestas mesmas áreas do cérebro, que incluem as junções entre os lobos occipital e temporal e os lobos temporal e parietal na parte de trás do cérebro.
A pesquisadora observa que o estudo mostra que quando crianças predispostas a dislexia realizaram estas tarefas, seus cérebros não utilizaram a área normalmente usada para o processamento destas informações. Este problema ocorreu antes mesmo de as crianças começarem a aprender a ler.
Gaab afirma que o estudo é muito pequeno para formar a base de qualquer teste para a dislexia. A equipe de pesquisa agora se prepara para a realização de um estudo mais amplo, com bolsa recebida pelo National Institutes of Health.