A primeira semana de 2012 começa com superlotação nas emergências dos principais hospitais que atendem pelo SUS em Porto Alegre. As situações mais críticas são verificadas nos hospitais Conceição e Clínicas, os maiores da capital e que recebem grande demanda da Região Metropolitana. No Clínicas, o setor com 49 vagas chegou a ter 146 pacientes internados, 197% acima da capacidade.
A Capital perdeu entre 1993 e 2011 cerca de 3,2 mil vagas de internação pelo SUS. Eram 8,5 mil leitos credenciados em 1993, mas o número caiu para 5,3 mil. O Sindicato Médico do RS (Simers) vem alertando que a reabertura de vagas em volume adequado é crucial para garantir condições mais humanas aos cuidados dos enfermos.
O Simers alerta que a solução se arrasta, enquanto ocorrem picos de mais de 200% de lotação acima da estrutura de leitos das unidades, situação frequente em 2011. Entre as unidades que poderão dar suporte e amenizar o sofrimento, estão os dois hospitais que pertenciam à Ulbra e que ainda não forma reativados. O Luterano deve retomar o atendimento ainda em janeiro, sob gestão do Clínicas, com abertura de 52 vagas, sendo 32 para pacientes clínicos e as demais para álcool e drogas.
"O número é ínfimo, mas reforçará uma área que é carente e que dará suporte a casos de doentes crônicos e que acabam permanecendo nas emergências por falta de vagas de internação", diz a vice-presidente Maria Rita de Assis Brasil. Já o Independência, com foco em traumato-ortopedia, só deve retomar a assistência em julho, segundo nova promessa da prefeitura. O Hospital Divina Providência firmou contrato para fazer a gestão. Serão pelo menos cem leitos, sendo dez de UTI adulto.
O acompanhamento diário que o Sindicato faz das emergências do SUS mostra que a média de ocupação nos primeiros cinco dias úteis do ano (entre 2 e 6) foi de 116 pacientes para 50 leitos no Conceição (132% acima da capacidade), de 118% no Clínicas (140% acima), 25 doentes para 15 vagas no São Lucas (66% acima da estrutura), e 19 internados no Hospital Santa Clara do Complexo da Santa Casa (58% acima da capacidade).
"Já tivemos índices mais altos de superlotação, mas isso pode voltar a qualquer momento. O que preocupa é o fato de que as equipes médicas se mantêm com o mesmo número de profissionais, mesmo quando há pelo menos o dobro de pacientes", destaca Maria Rita.