Ondas de calor sofridas por mulheres na menopausa podem ser causadas por anormalidades no funcionamento dos vasos sanguíneos e podem ser tratadas com um tipo de anti-depressivo. É o que sugerem pesquisadores do Reino Unido.
As ondas de calor afetam mais de 75% das mulheres que estão passando pela menopausa e o presente estudo tem potencial para oferecer novos tratamentos para o problema, e uma alternativa para a terapia de reposição hormonal (TRH).
Em circunstâncias normais, se a temperatura corporal aumenta, os vasos sanguíneos sob a pele se dilatam, a fim de perder calor, levando à vermelhidão da pele e à sudorese.
Nas mulheres com ondas de calor, isso pode ocorrer depois da menor provocação ou sem nenhuma razão aparente.
Mary Ann Lumsden, professora de Educação Médica e Ginecologia da University of Glasgow, acredita que os pacientes que sofrem de graves ondas de calor podem realmente ter uma anormalidade no funcionamento dos vasos sanguíneos.
Ela comparou as mulheres que sofrem de ondas de calor com aquelas que não as têm, estudando os vasos sanguíneos periféricos nos braços das pacientes.
Até agora, os médicos têm trabalhado no pressuposto de que o cérebro é o responsável pelas ondas de calor.
Quando o super aquecimento ocorre, ele envia sinais para o corpo "perder o calor", dilatando os vasos sanguíneos e produzindo suor.
No entanto, novas descobertas da professora Lumsden sugerem que as anormalidades nos vasos sanguíneos podem também contribuir para a resposta hiperativa observada em muitas mulheres na menopausa.
"Minha equipe e eu descobrimos que os vasos sanguíneos das mulheres que sofrem de ondas de calor dilatam muito mais facilmente do que os das mulheres que não as têm, e que elas se tornaram menos 'reativas', quando uma droga como a serotonina foi prescrita. O que é fascinante é que parece ser os próprios vasos sanguíneos e não aquilo que acontece no cérebro o que realmente provoca as ondas de calor. Nós temos feito recentemente algumas imagens do cérebro, mas ainda não temos os resultados e isso deve esclarecer mais a situação. Se conseguirmos diminuir a reatividade dos vasos sanguíneos com tratamentos mais novos que tenham menos efeitos colaterais do que a terapia de reposição hormonal, então poderemos fazer avanços substanciais", diz a professora.
Os pesquisadores também descobriram que as pacientes que são propensas às ondas de calor têm mais fatores de risco para doenças cardíacas.
Como parte da pesquisa, os cientistas trataram 134 pacientes do sexo feminino com fármacos conhecidos por diminuir o número de ondas de calor.
As mulheres foram divididas em grupos com número de integrantes entre 30 e 40, com um grupo controle de 15 participantes.
Algumas receberam o anti-depressivo venlafaxina, que é projetado para aumentar os níveis de serotonina, o chamado "hormônio da felicidade" ativo dentro do cérebro e também nos vasos sanguíneos de outras partes do corpo.
Outras receberam clonidina - uma droga normalmente usada para tratar a pressão alta - e outras receberam terapia de reposição hormonal, enquanto o grupo controle recebeu um placebo.
Descobriu-se que a terapia de reposição hormonal era o tratamento mais eficaz, com 75% das mulheres tendo notado uma melhoria, enquanto a venlafaxina melhorou as ondas de calor em mais de 60% das pacientes - a maioria das que receberam prescrição pretende continuar com a droga. A clonidina só funcionou em 40% das mulheres.
No entanto, se a paciente de repente para de tomar venlafaxina pode ter sintomas de abstinência significativos, incluindo ansiedade, mau humor, insônia e náuseas.
Lumsden concluiu que a serotonina tem um impacto fundamental sobre o funcionamento dos vasos sanguíneos e disse que ela deve ser mais pesquisada.