O uso recreativo da droga ecstasy provoca toxicidade crônica e duradoura no cérebro humano. É o que revelam investigadores da Vanderbilt University, nos Estados Unidos.
As descobertas fornecem as mais fortes evidências de que a droga causa perda crônica do neurotransmissor serotonina, uma molécula sinalizadora crítica que tem papel na regulação do humor, apetite, sono, aprendizagem e memória.
Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo são importantes porque a droga, também conhecida como MDMA, pode ter benefícios terapêuticos e está sendo testada como tratamento para pacientes com estresse pós-traumático e ansiedade associados ao câncer.
"É essencial entendermos os riscos associados com o uso de Ecstasy. Precisamos saber a dose em que a droga torna-se tóxica. Nossos estudos sugerem que quanto mais uma pessoa usa MDMA de maneira recreativa, mais mudanças são causadas no cérebro", explica o líder da pesquisa, Ronald Cowan.
No estudo atual, Cowan e seus colegas usaram tomografia por emissão de pósitrons (PET) para examinar os níveis de receptores de serotonina em várias regiões do cérebro de mulheres que tinham usado ecstasy até 90 dias antes do exame e de mulheres que nunca tinham usado a droga.
Eles descobriram que usuárias de ecstasy tiveram maiores níveis de receptores de serotonina e que um uso prolongado da droga se correlacionou com níveis mais elevados de receptores de serotonina.
As descobertas são consistentes com alguns estudos em modelos animais que mostraram que os níveis crescentes de receptores ajudam o cérebro a compensar a perda de serotonina,
Cowan e seus colegas relataram no início deste ano que Ecstasy aumenta a ativação do cérebro em três áreas associadas com o processamento visual, o que sugere uma perda de eficiência cerebral. Juntos, os dois estudos fornecem evidências convincentes de que a droga causa mudanças duradouras na função da serotonina no cérebro.
O 2010 National Survey on Drug Use and Health estima que 15,9 milhões de indivíduos com 12 anos ou mais nos Estados Unidos tenham usado ecstasy pelo menos uma vez na vida.
Os pesquisadores agora querem determinar as doses de ecstasy que são tóxicas, e se existem vulnerabilidades genéticas à toxicidade. "Se os testes clínicos mostram que o medicamento tem benefícios terapêuticos, é fundamental conhecer os riscos", conclui Cowan.