Cientistas da University of Warwick, no Reino Unido, se inspiraram em estruturas espirais encontradas na natureza para desenvolver uma nova arma na luta contra infecções como E-coli e MRSA.
Pesquisadores criaram uma nova classe sintética de moléculas em forma de hélice que tem potencial para ser umaferramenta fundamental na luta contra a resistência aos antibióticos.
Ao torcer moléculas em torno de átomos de ferro eles criaram o que chamam de 'flexicates', que são ativos contra MRSA e E-coli e que também parecem ter baixa toxicidade, reduzindo o potencial de efeitos colaterais se usados para o tratamento.
As novas estruturas aproveitam o fenômeno da 'quiralidade' ou 'lateralidade', no qual as moléculas em espiral pode ser canhotas ou destras.
Ao produzir estruturas voltadas para o lado mais eficaz para atacar uma doença específica, a pesquisa da University of Warwick abre caminho para uma abordagem mais orientada para matar os agentes patogênicos.
No caso de E-coli e MRSA, a 'mão' esquerda é mais eficaz.
O professor Peter Scott, do departamento de química da University of Warwick disse que, embora esse estudo em particular concentre-se na atividade dos flexicates contra MRSA e E-coli, o novo método de montagem também poderia resultar em novos tratamentos para outras doenças.
"É toda uma nova área da química que realmente abre o cenário para outros usos práticos. Estas novas moléculas são sinteticamente flexíveis, o que significa que, com um pouco de ajuste, elas podem ser colocadas em uso contra uma série de doenças diferentes, não apenas superbactérias como a MRSA, que estão desenvolvendo resistência aos antibióticos tradicionais rapidamente. Os flexicates também são mais fáceis de fazer e produzem menos resíduos do que muitos antibióticos atuais", disse ele.
Os cientistas já conseguem há bastante tempo copiar a forma espiralada de moléculas da natureza, em estruturas feitas pelo homem conhecidas como helicates - mas, até agora, eles não conseguiram usá-las no combate a doenças.
Uma das questões chave é o problema da lateralidade.
Às vezes, as moléculas 'canhotas' de drogas são as mais eficazes para combater algumas doenças, embora às vezes a versão 'destra' funcione melhor.
Até o momento, os cientistas que trabalham com helicates têm encontrado dificuldades para fazer amostras contendo apenas um tipo de espiral; destras ou canhotas.
Mas com os flexicates, os cientistas da University of Warwick conseguiram fazer amostras contendo apenas um tipo de torção - resultando em uma abordagem mais específica que permitiria que a dosagem da droga fosse reduzida para a metade.
Os flexicates resolvem outros problemas enfrentados pelos helicates, pois são mais fáceis de otimizar para fins específicos, são mais bem absorvidos pelo organismo e mais fáceis de produzir em massa sinteticamente.
Scott disse que "As drogas, muitas vezes têm essa propriedade de lateralidade - suas moléculas podem existir tanto na versão destra quanto canhota, mas o corpo prefere usar apenas uma delas. Por esta razão, as empresas farmacêuticas têm de buscar a solução para produzir muitas moléculas tradicionais como apenas um sentido de torção. O que fizemos foi resolver o problema de lateralidade para este novo tipo de molécula da droga. Ao fornecer o sentido correto, podemos reduzir pela metade a dose da droga, tendo os benefícios de minimizar os efeitos colaterais e reduzir o desperdício. Para os pacientes, é mais seguro ingerir apenas metade da quantidade de uma droga. O nosso trabalho significa que agora podemos fazer qualquer sentido de espiral que quisermos, dependendo do trabalho que precisamos que ela faça".