Pesquisa com participação de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e da Universidade de York (Reino Unido) está investigando novos tipos de enzimas capazes de degradar biomassa para otimizar o processo de produção de bioenergia.
O estudo está concentrado em um produto parecido com o feno. A ideia é encontrar diferentes enzimas capazes de degradar biomassa para produzir combustível e energia elétrica em substituição às formas convencionais derivadas do petróleo.
Conhecendo a potencialidade destas enzimas e compreendendo o funcionamento delas, os pesquisadores trabalharam no desenvolvimento de uma tecnologia que permite uma marcação mais exata de enzimas que estão fora da célula. O segredo é explorar um mecanismo de afinidade proteica que não atravessa membranas biológicas e, por isso, apenas acessa e marca proteínas extracelulares.
" Com essa marcação, é possível purificar parcialmente enzimas, ou seja, enriquecer a concentração das enzimas naquilo que você está extraindo da biomassa, neste caso a lignocelulose (princípio do bioetanol) e a cultura microbiana, e sequenciar pequenos pedaços destas proteínas - o que chamamos de procedimento proteômico" , explica um dos coordenadores do estudo, Igor Polikarpov, do IFSC.
Comparando as informações genômicas com as informações proteômicas, é possível caracterizar cada enzima de acordo com as funções e encontrar com maior facilidade aquelas que se procura para sequenciar, sem precisar analisar um enorme conjunto de microrganismos, do qual 95% será inútil.
" Cerca de 25% do custo do biocombustível, hoje, é para o cultivo desta pequena quantidade de enzimas" , conta Polikarpov. Daí a importância de descobrir e identificar novas enzimas que degradem biomassa - mais termoestáveis, mais abundantes no Universo, mais eficientes - e contribuam para um maior entendimento deste processo, gerando novas atividades de pesquisa e aplicações industriais.
A pesquisa conta ainda com a participação de Eduardo Ribeiro de Azevedo, do IFSC, Sandro José de Souza, do Ludwig Institute for Cancer Research, e Wanius José Garcia da Silva, da Universidade Federal do ABC (UFABC), é complementada por uma proposta inglesa, liderada pelo professor Neil Bruce, da Universidade de York (Reino Unido).