A Secretaria Estadual de Saúde do Pará (Sespa) chama atenção para os cuidados necessários na cadeia produtiva do açaí. O objetivo é combater os principais perigos e fraudes relacionados à produção da fruta. Os principais problemas verificados na hora da comercialização podem ser físicos (insetos, palha, madeira, folhagem e outros), químicos (óleo combustível no transporte), microbiológicos (coliformes, salmonellas e Trypanosoma cruzi) e fraude (acréscimo de amido de milho durante o despolpamento).
A fruta é uma das principais fontes de subsistência e renda para boa parte da população da região amazônica. Atualmente, o consumo se estende por várias regiões do Brasil e diversos países do mundo, alcançando bons preços no mercado, principalmente devido ao alto valor nutritivo, por isso é muito importante que a produção esteja de acordo com todas as normas sanitárias.
A nutricionista Doriléa Pantoja, do Departamento de Vigilância Sanitária (DVS) da Sespa - que participou na última semana do seminário "Alimento Seguro e Saudável" para debater o assunto - esclarece que o Programa Estadual de Qualidade do Açaí, que existe desde 2005, tem a finalidade de " estabelecer procedimentos higiênico-sanitários para a manipulação e comercialização do produto, assegurando a qualidade por meio de fiscalização, inspeção, monitoramento e educação continuada nos diversos segmentos da cadeia produtiva do açaí" .
Segundo ela, até outubro de 2011, foram cadastrados 4.114 estabelecimentos de batedores de açaí, sendo 469 na área do 1º Centro Regional de Saúde, que abrange os municípios da Região Metropolitana de Belém. Em 2010, foram feitas análises de 36 amostras do fruto e 36 de suco. O resultado foram 12 amostras de fruto e 22 amostras de suco insatisfatórias, todas contaminadas com coliformes fecais.
Para reverter essa situação, o DVS da Sespa tem trabalhado na capacitação dos batedores de açaí, totalizando 3.305 treinados de 2005 a 2010. A Sespa também distribui kits com instrumentos básicos para os batedores. Cada kit é composto por 2 camisetas brancas, 2 bonés, 2 toucas, 2 aventais de napa, 1 termômetro digital, 1 cronômetro digital, 1 copo dosador plástico, 1 filtro e 1 peneira de alumínio com tela em plástico.
Além dos cuidados com a higiene, é fundamental que o batedor siga corretamente as etapas do processamento do açaí. A nutricionista enfatiza ainda que o branqueamento aumenta a vida de prateleira da fruta e é recomendado para minimizar o risco da transmissão oral da doença de Chagas e outros agravos como salmonelose. Além disso ela ressalta que está provado por pesquisa da Unicamp que o congelamento não elimina o Trypanosoma cruzi, causador do mal de Chagas.