O Brasil já é o terceiro país do mundo em número de transplantes de rins, atrás apenas dos Estados Unidos e Espanha. De acordo com o responsável pelo setor de transplantes de rins do HC e do grupo de transplantes renais e de pâncreas do Hospital Sírio-Libanês, Elias David Neto, o país tem hoje uma taxa de 11,1 doadores por milhão de pessoas (pmp). A meta do Ministério da Saúde é fechar o ano de 2011 com 15 doadores pmp.
Segundo Elias grande parte desse crescimento se deve ao aumento de doadores falecidos. " No Brasil, a doação de órgãos é autorizada pela família do doador e não há necessidade de um documento assinado pela pessoa que venha a falecer de morte encefálica, geralmente causada por acidente vascular cerebral ou traumatismo craniano. Ultimamente, temos percebido que há uma conscientização dessas famílias com relação ao gesto de doar os órgãos desses familiares, como os rins, que podem salvar várias vidas" , esclarece.
O especialista, que também é professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ainda ressalta que conversar com os familiares sobre este assunto vai sempre facilitar a decisão deles num momento tão intenso como a morte de um ente querido.
Rins - os campeões em transplante
Até o primeiro semestre de 2011, o órgão mais transplantado é o rim, seguido de fígado, pâncreas, coração e pulmão. Em 2010, dos 6.402 transplantes, 4.630 foram renais, crescimento de 8% na comparação com 2009. " Em 2011, a expectativa é que o transplante renal aumente 20% em relação a 2010" , diz Elias. De acordo com o Sistema Estadual de Transplantes, da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, 10.584 pessoas aguardam por novos rins.
O especialista explica que os rins podem ser afetados de muitas formas, desde um cálculo até a insuficiência renal crônica, cuja única forma de cura é o transplante. As enfermidades mais comuns que levam à insuficiência renal crônica são o diabetes e a hipertensão. " Estima-se que cerca de 125 mil pacientes se encontram em diálise no Brasil" , informa Elias.
Apesar de se mostrar positivo e em crescimento, o cenário brasileiro na captação de órgãos ainda precisa melhorar muito. " A maior parte dos transplantes é realizada nos centros localizados nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País. As instituições das regiões Norte e Nordeste precisam aprimorar suas estruturas e capacitar seus profissionais, principalmente aqueles que trabalham em Unidade de Terapia Intensiva - UTI, para que a população dessas localidades esteja devidamente atendida e tenha garantia de sucesso após o procedimento" , relata o nefrologista.