Apesar das melhoras significativas na prevenção do derrame em relação à última década, e de uma queda na incidência de mortes, médicos do Reino Unido ainda não estão tratando como devem um dos maiores fatores de risco, a fibrilação atrial e o ritmo cardíaco anormal.
A descoberta baseia-se na análise de dados sobre o derrame originários do General Practice Research Database (GPRD) pelo período de 1999 a 2008. O GPRD contém dados anônimos de longo prazo sobre três milhões de pacientes de cuidado primário do Reino Unido.
Mais de 32 mil adultos tiveram um derrame e 15% deles foram fatais, durante o período do estudo.
As mulheres eram mais propensas a morrer de um derrame do que os homens, mesmo depois de levar a idade em consideração. A média de idade para um primeiro derrame era de 77 anos para as mulheres e de 71 anos para os homens.
Os números mostraram melhoras no número de casos e na sobrevivência subsequente.
A prevalência do derrame subiu em 12,5%, mas o número de novos casos caiu em quase um terço (30%) na década de 1,48 em cada 1.000 pessoas ao ano em 1999 para 1,04 em 2008.
Entre aquelas de 80 anos ou mais, as que estão em maior risco de derrame, a queda foi ainda maior, 42%.
A taxa de mortes dentro de 56 dias depois de um primeiro derrame caiu quase pela metade, de 21%, em 1999, para cerca de 12%, em 2008.
Estas melhoras ocorreram junto com um aumento no número de prescrições de medicamentos preventivos, particularmente aqueles usados para baixar o colesterol e a pressão alta ambos fatores de risco para o derrame.
Mas os médicos trataram abaixo do necessário os pacientes com fibrilação atrial, segundo as descobertas.
Cerca de 1 em 10 pacientes foram diagnosticados com fibrilação atrial antes do primeiro derrame e este grupo estava muito mais em risco de morrer de derrame do que os que não tiveram fibrilação atrial.
Só um cada quatro indivíduos com fibrilação atrial receberam prescrições de um tratamento para afinar o sangue com anti-coagulante preventivo, sem qualquer sinal de que uma fibrilação atrial mais séria estivesse sendo atacada.
As mulheres, apesar de terem mais chances de ter uma fibrilação atrial grave, recebiam menos prescrições de terapia com anti-coagulantes. Eles eram prescritos a 29% dos homens com fibrilação atrial e somente a 22% das mulheres.
Tanto os homens quanto as mulheres com fibrilação atrial eram mais propensos a receber prescrições de anticoagulantes depois de um primeiro derrame, mas enquanto estes números cresceram de 29% para 48% nos homens, subiu de 22% para 35% nas mulheres.
Os autores concluem que os médicos de cuidados primários estão tratando os fatores de risco para o derrame de maneira muito mais eficaz. "No entanto, há uma sugestão clara de que a estratificação de risco ainda não é ideal, particularmente em relação aos pacientes com fibrilação atrial", escreveram eles.