P esquisa que garante que a introdução da escolha do paciente no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido reduz mortes por ataques cardíacos é falha e enganosa, de acordo com um relatório publicado por pesquisadores da Queen Mary, University of London.
Segundo os pesquisadores, o estudo original foi usado pelo Governo para aprovar a ideia e serviu de base para a declaração do Primeiro Ministro David Cameron de que "a competição é uma maneira de fazer as coisas funcionarem melhor para os pacientes".
O novo relatório, liderado pela professora Allyson Pollock, aponta uma série de erros no estudo e conclui que ele é "fundamentalmente falho".
O estudo citado por Cameron é um trabalho do pesquisador Zack Cooper e colegas, que foi publicado pelo Ministério da Saúde do Reino Unido. Para o trabalho eles examinaram as taxas de mortalidade para pacientes de ataque cardíaco medido em relação ao número de hospitais dentro de uma determinada área. Eles também analisaram dados sobre a cirurgia eletiva de hérnia, catarata, artroscopia do joelho e quadril, para mostrar que a introdução de uma possibilidade de escolha da cirurgia eletiva levou a menores taxas de morte por ataques cardíacos.
Pollock e colegas dizem que, fundamentalmente, o estudo não oferece nenhuma explicação sobre porque a disponibilidade de escolha para tais procedimentos eletivos tem qualquer efeito sobre a sobrevivência dos pacientes a um ataque cardíaco.
O relatório também aponta que:
os pesquisadores não olharam se a disponibilidade de escolha tem qualquer efeito sobre onde os pacientes vão para receber o tratamento;
pesquisas recentes indicam que os pacientes que puderam escolher, decidiram por um hospital mais próximo;
ataque cardíaco é uma emergência médica e os pacientes geralmente não têm escolha sobre onde eles são tratados;
resultados para os pacientes de ataques cardíacos tendem a ser melhor quando são tratados em centros especializados em áreas urbanas;
não há evidências de que dados sobre as operações eletivas são de alguma forma, uma boa medida de escolha ou de competição.
Segundo Pollock, o Governo tem enfrentado enorme oposição do público e dos profissionais de saúde. Na tentativa de conquistar seus críticos o primeiro-ministro usou o estudo realizado por Zack Cooper para justificar a concorrência no Serviço Nacional de Saúde. "Nossa análise desta pesquisa revela que ela é fundamentalmente falha, correspondente à conclusão de que o papel simplesmente não prova qualquer causa ou efeito entre a escolha do paciente e as taxas de morte" , afirma a professora.