A resposta imune a uma vacina contra a gripe aviária H5N1 foi muito maior em adultos saudáveis que foram primeiro vacinados com uma vacina de DNA. É o que sugerem pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos.
Os resultados de dois estudos podem levar ao desenvolvimento futuro de uma vacina universal contra a gripe sazonal.
A maioria dos voluntários do estudo que recebeu a vacina de DNA com um gene para uma proteína chave de H5N1 24 semanas antes da vacina de reforço feita do vírus inativado, produziu altos níveis de anticorpos de proteção contra a região globular de uma proteína chamada hemaglutinina (HA).
Vacinas tradicionais contra a gripe sazonal são projetadas para obter anticorpos que atuam contra a região globular de HA, mas a região muda a cada ano e assim as vacinas devem ser repetidas para manter a imunidade.
Em alguns voluntários, o esquema de vacina com DNA também estimulou a produção de anticorpos neutralizantes que atacam a haste HA, região relativamente constante em muitas cepas de vírus influenza. "Os resultados destes estudos demonstram que é possível obter anticorpos neutralizantes da gripe em humanos através da vacinação. Eles marcam um ponto inicial, mas significativo, no caminho para uma vacina universal contra a gripe que ofereça proteção contra cepas múltiplas de vírus", afirmou o diretor do National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), Anthony S. Fauci.
Em 2010, estudos em ratos, furões e macacos mostraram que um regime de vacina primária com DNA contra a gripe pode provocar anticorpos neutralizantes contra a haste de HA. "Agora vemos que é possível obter anticorpos dirigidos em pessoas também", disse o pesquisador Gary J. Nabel.
Os pesquisadores estão esperando para aplicar esta abordagem para a pesquisa de vacinas contra outras cepas de influenza sazonal e pandêmica.
Desde 2003, houve 564 casos confirmados de infecção humana da gripe H5N1 e 330 mortes associadas em todo o mundo, de acordo com os números mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS). O desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a gripe H5N1 se revelou difícil, porque as vacinas contendo o vírus inativado muitas vezes não conseguiram gerar altos níveis de anticorpos protetores nas pessoas.
Os estudos atuais confirmam que os voluntários que receberam apenas duas doses de uma vacina de vírus H5N1 inativado espaçadas em 24 semanas produziram somente níveis modestos de anticorpos dirigidos. "Nosso estudo foi desenhado para testar se uma vacina de DNA baseada em gene pode impulsionar o sistema imunitário para uma melhor resposta de anticorpos após o reforço com uma vacina de H5N1 inativada. Descobrimos que a vacina de DNA primária melhorou a resposta à vacina inativada H5N1, mas apenas quando o intervalo foi aumentado para 24 semanas", ressaltou a co-autora do relatório, Julie Ledgerwood.
Dos 26 voluntários que receberam as vacinas 24 semanas de distância, 21 produziram anticorpos em níveis previstos para protegê-los da gripe H5N1. Os níveis de anticorpos nesse grupo foram mais de quatro vezes maior do que os observados em voluntários que receberam duas doses da vacina de vírus inativado. Entre os voluntários que receberam a vacina de reforço quatro semanas após a de DNA, apenas quatro dos 15 produziram níveis de anticorpos protetores.
Em ambos os estudos clínicos, a vacina de DNA antes da de H5N1 inativado se mostrou segura. Esta conclusão é consistente com dados anteriores de ensaios clínicos nos quais as vacinas de DNA para o HIV, Ebola, Marburg, vírus do Nilo Ocidental, SARS e gripe sazonal foram testadas e se mostraram seguras em um total de 2.100 voluntários.
A equipe espera agora melhorar a vacina para mais facilmente induzir anticorpos dirigidos à região do tronco da proteína HA. O grupo também está planejando um estudo maior do regime de vacina para a gripe sazonal.