Um novo mecanismo de defesa natural contra infecções tem sido evidenciado por uma equipe internacional liderada por pesquisadores do CNRS, Inserm, o Instituto Pasteur e da Université Paul Sabatier -Toulouse III, na França. O Zinco, um metal pesado que é tóxico em altas doses, é utilizado pelas células do sistema imunológico para destruir os micróbios, como o bacilo da tuberculose ou E. coli. Publicada na revista Cell Host & Microbe em 14 de setembro de 2011, esta descoberta torna possível prever novas estratégias terapêuticas e testar novas vacinas candidatas.
Uma das estratégias bem conhecidas e usadas por nosso sistema imunológico para destruir micróbios consiste em privá-los de nutrientes essenciais, tais como metais pesados, especialmente o ferro. Pela primeira vez, um estudo internacional liderado por pesquisadores do Instituto de Pharmacologie et de Biologie Structurale (CNRS / Université Paul Sabatier - Toulouse III), do Centre d'Immunologie de Marseille Luminy (CNRS / Inserm / Université de la Méditerranée) e do Instituto Pasteur mostrou que o inverso também é verdadeiro: as células imunológicas são capazes de reservar metais pesados, principalmente o zinco, para matar micróbios. Esse fenômeno tem sido demonstrado com a Mycobacterium tuberculosis, o agente responsável pela tuberculose em humanos, que responde por quase 2 milhões de mortes por ano no mundo, e com a Escherichia coli, causadora de infecções graves no sistema digestivo e urinário. Em células do sistema imunológico (macrófagos) que ingeriram M. tuberculosis ou E. coli, os pesquisadores observaram uma acumulação rápida e persistente de zinco. Eles também observaram a produção, na superfície dos micróbios, das proteínas numerosas, cujo papel é eliminar metais pesados. Nos macrófagos, os micróbios são, portanto, expostos a quantidades potencialmente tóxicas de zinco e tentam proteger-se contra a intoxicação sintetizando estas bombas. Inibindo as bombas através da engenharia genética e fornecendo a prova de evidência: M. tuberculosis e E. coli se tornaram ainda mais sensíveis à destruição por macrófagos.
O zinco, embora tóxico quando ingerido em quantidades muito altas, é, portanto, benéfico para o sistema imunológico, principalmente porque é usado pelos macrófagos para envenenar micróbios. Mecanismos equivalentes poderiam existir para outros metais pesados como o cobre. Estes resultados têm implicações clínicas muito concretas. Em particular, eles re-abrem o debate sobre a suplementação da dieta (por exemplo, com zinco) e podem também conduzir a novos antibióticos que bloqueiam a ação de bombas microbianas em metais ou a novas espécies de vacina atenuada, que já foram testadas como candidatas a vacina.