Em um artigo online publicado esta semana na revista Genetica Nature, da Universidade de Colorado, uma equipe de pesquisadores do Centro de Câncer , em parceria com universidades da China e da Dinamarca, relata o primeiro sequenciamento genético de carcinoma (de transição) urotelial, o tipo mais prevalente de câncer de bexiga.
A equipe reconheceu mutações genéticas que fazem as células do câncer da bexiga se diferenciarem das vizinhas saudáveis, o que ??pode levar aos primeiros exames genéticos para o câncer e novas terapias direcionadas a essas células doentes. Além disso, as mutações que a equipe encontrou são semelhantes às descobertas recentes de outros cânceres, o que implica um denominador comum possível para a causa do câncer em geral. Especificamente, a equipe descobriu mutações em genes responsáveis ??pela remodelação da cromatina - processo de embalagem para a duplicação do DNA durante a divisão celular-, em 59 por cento dos 97 pacientes com carcinoma urotelial.
"A descoberta da mutação no gene UTX e sete genes semelhantes da remodelação da cromatina é um passo importante para o teste genético e tratamento do câncer de bexiga", diz um dos autores do trabalho, Dan Theodorescu, diretor do Centro de Câncer da Universidade do Colorado. Em grande escala, o estudo também fornece a visão geral, pela primeira vez, da base genética do câncer de bexiga urotelial e implica a remodelação da cromatina.
A cromatina descreve o conteúdo dos genes dentro do núcleo, incluindo o DNA e as proteínas que esculpem o arranjo genético intracelular. Durante a maior parte da vida de uma célula, estas proteínas de DNA se organizam livremente, de modo que as partes internas são acessíveis e disponíveis para uso. Em preparação para a divisão celular, essas proteínas na cromatina da célula de DNA se comprimem em um apertado pacote para a eficiente duplicação. Esta compressão é conhecida como "remodelação da cromatina". A maneira como as células se remodelam e se duplicam depende muito dos genes associados na remodelação da cromatina, os quais são mutáveis em muitos pacientes com câncer de bexiga.
"Quando falamos em causas de câncer, há uma caixa preta entre uma célula saudável e o surgimento das cancerosas. Ao explorar as mudanças genéticas que ocorrem dentro desta caixa, podemos olhar para os elos da cadeia de eventos que levam ao câncer e os links específicos para a terapia", explica Theodorescu.
No desenvolvimento de câncer de bexiga, este estudo mostra que o remodelamento da cromatina é um elo importante. "Estamos atualmente em andamento na realização de sequenciamento semelhante com indivíduos caucasianos, para determinar se as mutações nesta população são semelhantes aos observados em indivíduos asiáticos deste estudo", destaca Theodorescu.
Após a confirmação, a tarefa será dupla: projetar testes genéticos para estas mutações, que podem permitir uma diagnóstico precoce e preciso do câncer de bexiga, e promover o desenvolvimento de terapias que reconhecem estas mutações e matam as células cancerosas.