Usando corujas como modelo, um novo estudo revela que a vantagem da estereoscopia é a capacidade de discriminar entre objetos e fundo e não em perceber a profundidade absoluta. O objetivo do estudo realizado na RWTH Aachen (Alemanha) e na Radboud University (Nijmegen, Holanda), foi descobrir como a percepção de profundidade ocorreu ao longo da evolução.
"A razão pela qual o estudo sobre a visão da coruja é útil é que, como os seres humanos, as corujas têm dois olhos dispostos frontalmente. Como resultado, as corujas, assim como os seres humanos, poderiam apreciar a forma tridimensional de objetos tangíveis pela comparação simultânea do olho esquerdo e direito", disse Robert F. van der Willigen.
Ele estudou duas corujas-das-torres (Tyto alba) treinadas em uma série de seis experimentos comportamentais equivalentes aos utilizados em seres humanos. Para isso, usou padrões de pontos aleatórios binoculares gerados por computador para medir o desempenho estereoscópico, que mostrou que a habilidade da coruja para discriminar estereogramas de pontos aleatórios é paralela a dos humanos, apesar do cérebro relativamente pequeno da coruja. Os resultados forneceram dados sem precedentes sobre a estereoscópica, com resultados que desbancam o consenso defendido por muito tempo de que a vantagem evolutiva da visão estereoscópica deveria ser a visão de profundidade.
Ele sustenta que os resultados demonstram que, apesar de a disparidade binocular, a pequena diferença entre os pontos de vista dos olhos direito e esquerdo, influenciar na percepção da profundidade, ela permite que as corujas, assim como os seres humanos, percebam a profundidade relativa em vez da distância absoluta. "É mais útil, portanto, no reconhecimento que no controle dos movimentos direcionados", disse Willigen.
Willigen espera que os cientistas considerem, em seus próximos estudos, que as visões humana e primata não são as únicas maneiras de examinar a experiência estereoscópica. "Meu trabalho com a coruja destaca aspectos que não receberam o devido reconhecimento, mas que são fundamentais na estereoscopia. No entanto, a prova final deverá vir com a demonstração comportamental da capacidade estereoscópica equivalente em outros animais além da coruja. Espero que o meu trabalho atual incentive os cientistas a pesquisar outras espécies animais.
Veja, nos vídeos abaixo, sequencias de imagens montadas com apenas duas fotos ligeiramente diferentes, cuja sobreposição cria o efeito estereoscópico e a percepção tridimensional.