Pesquisadores do Kings College de Londres, no Reino Unido, descobriram que bebês com menos de três meses são capazes de entrar em sintonia com o som das vozes das pessoas e percebem emoções diferentes, mesmo quando estão dormindo. Os resultados sugerem que o córtex infantil temporal é mais maduro do que se imaginava anteriormente.
Usando ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores visualizaram imagens do cérebro de bebês dormindo e descobriram que áreas especiais no cérebro que processam o som são mais sensíveis do que se sabia até agora. Desde muito cedo no desenvolvimento dos bebês estas áreas especiais respondem de forma diferente aos sons humanos e não-humanos, bem como emoções positivas, negativas e neutras.
"Esta descoberta melhora nossa compreensão do desenvolvimento infantil. Tem implicações não só para como vemos o impacto do ambiente social sobre o cérebro infantil, mas para futuras pesquisas sobre como a função cerebral e o desenvolvimento se relaciona a dificuldades na comunicação social mais tarde na vida", relatou o pesquisador principal, Declan Murphy.
Os pesquisadores gravaram as respostas do cérebro enquanto bebês com idades entre três e sete meses dormiam ouvindo sons humanos emocionalmente neutros, positivos ou negativos, como tossir, espirrar, rir ou chorar, ou sons ambientais não-vocais, tais como brinquedos ou água.
Os resultados mostraram uma maior ativação em uma área do lobo temporal conhecida pelo processamento de sons vocais humanos em adultos. Em outra parte do cérebro envolvida no processamento de emoção em adultos, os bebês mostraram um notável aumento na resposta a sons tristes, ao contrário dos neutros.
As descobertas são consistentes com as evidências anteriores de que as crianças podem extrair informações sutis da fala humana. A pesquisa tem potencial para ajudar a visualizar o que acontece nessa região particular do cérebro em bebês que passam a desenvolver desordens como o autismo ou comportamentos anormais, em que a comunicação social é afetada.
"Estamos agora realizando mais pesquisas nessa área para nos ajudar a entender como as diferenças no desenvolvimento do cérebro surgem, e se podemos usá-las para identificar com precisão os bebês que irão sofrer de distúrbios como o autismo, e se elas podem também ajudar a medir a eficácia das intervenções", concluiu Murphy.