Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ornitologia,a na Áustria, descobriram, em um estudo com pássaros, que as fêmeas herdam dos pais a disposição para trair os parceiros. Durante oito anos os pesquisadores investigaram o comportamento sexual de mais de 1,5 mil pássaros tentilhões-zebra.
No primeiro estudo, pássaros machos e fêmeas sem parceiros foram submetidos a um teste de motivação sexual ou libido. Depois, um subconjunto dos tentilhões foi transferido para aviários a fim de testar como indivíduos socialmente monogâmicos se comportavam entre si dentro de um grande grupo.
Usando um sistema de videovigilância os pesquisadores puderam observar como fêmeas acasaladas estavam reagindo aos avanços do próprio parceiro e de parceiros estranhos. Além disso, os pesquisadores conduziram análises de paternidade genética usando um método marcador de microssatélite a fim de determinar o número de filhos que um macho teve em um ninho diferente. Eles também identificaram o número de filhos que uma fêmea produziu junto com um macho estranho.
O resultado foi surpreendente. Aparentemente a disponibilidade das fêmeas para se envolverem com machos estranhos foi herdada de seus pais [machos] que também tinham traído suas parceiras. A predisposição para a infidelidade mostra uma base genética moderada, mas evolutivamente crucial. Como a predisposição para a infidelidade é passada de pais para as filhas, os pesquisadores chegaram a uma nova interpretação da infidelidade feminina.
"Não é essencial que haja uma vantagem evolutiva para as fêmeas", disse o autor do estudo Wolfgang Forstmeier. "É suficiente que os ancestrais do sexo masculino tenham tido benefícios que resultaram de sua promiscuidade. O chamado gene "Casanova" vai aumentar sua frequência dentro de uma população enquanto os benefícios para os portadores do gene do sexo masculino superam os custos para os portadores do gene do sexo feminino".
Se a hipótese de uma evolução correlacionada da infidelidade masculina e feminina pode ser transferida para a situação em humanos ainda não está claro. Não há dúvida, porém, que há uma base genética para muitos aspectos do comportamento sexual e do acasalamento humano. "A questão de até que ponto os mesmos genes influenciam o comportamento feminino e masculino de uma forma semelhante ainda necessita de estudos de seguimento para ser respondida", afirmou Forstmeier.