Pesquisadores da Universidade de McMaster, no Canadá, descobriram que é a prática, e não a perda de visão, que melhora o sentido do tato em pessoas cegas.
Para o estudo, os pesquisadores testaram 28 participantes cegos com diferentes graus de especialização em Braille e 55 adultos com visão normal para sensibilidade ao toque nos seis dedos e ambos os lados do lábio inferior.
Os investigadores supuseram que, se a dependência diária do toque melhorasse a sensibilidade tátil, então, os participantes cegos superariam a visão com todos os dedos, e leitores cegos de Braille iriam mostrar sensibilidade particular nos dedos de leitura. Mas se a perda da visão sozinha melhorasse a sensibilidade tátil, então, os participantes cegos superariam a perda da visão com todas as áreas do corpo, mesmo aquelas que as pessoas cegas e com visão normal utilizam com a mesma frequência, tais como os lábios.
"Sempre houve estas duas ideias concorrentes sobre o porquê os cegos têm um melhor sentido do tato", explica o autor correspondente do estudo, Daniel Goldreich. "Nós descobrimos que a dependência do toque é uma força motriz. Leitores proficientes em Braille - aqueles que poderiam passar horas por dia lendo com a ponta dos dedos se saíram extraordinariamente melhor. Mas os participantes cegos e com visão normal se saíram igualmente quando os lábios foram testados para a sensibilidade."
Os pesquisadores usaram uma máquina especialmente concebida para os experimentos. Enquanto o dedo é colocado sobre um buraco na mesa, a máquina empurra hastes com superfícies texturizadas, através da abertura, até encontrarem a ponta do dedo. Os pesquisadores pediram aos voluntários para identificar os padrões de toque. Um teste semelhante foi realizado no lábio inferior.
Não só os participantes cegos se saíram melhor do que seus colegas sem problemas visuais, mas os leitores de Braille, quando testados em suas mãos de leituras, superaram os não-leitores que também eram cegos. Para os participantes de leitura Braille, seus dedos de leitura foram mais sensíveis do que seus dedos não usados para leitura.
"Esses resultados podem nos ajudar a desenhar novos experimentos para determinar como melhorar a sensação de toque, que poderia ter aplicações mais tarde na vida", disse o autor do estudo, Mike Wong. "O Braille é extraordinariamente difícil de dominar, sobretudo para um adulto. No futuro, podemos encontrar novas maneiras de ensinar Braille para pessoas que recentemente se tornaram cegas."