No Brasil, a ocorrência de distúrbios musculoesqueléticos em trabalhadores ativos é pouco conhecida, apesar dos altos custos financeiros e sociais originados e da possibilidade de incapacidade temporária ou de aposentadoria por invalidez. A fim de verificar a ocorrência do problema entre trabalhadores da indústria de plástico, pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) consultaram 577 desses profissionais em Salvador e concluíram: considerando todos os segmentos do corpo, a prevalência foi alta, de 50,1%, sendo três vezes maior entre as mulheres do que entre os homens nas extremidades superiores distais (34,6% e 11,6%, respectivamente) e uma vez e meia maior na região do pescoço, ombro ou parte alta do dorso (27,4% e 17,6%).
" Estudos sobre a prevalência de distúrbios na população economicamente ativa, com trabalhadores que supostamente tem condições clínicas menores as quais não tenham ainda causado incapacitação, podem evitar a progressão dos sintomas" , explicam os estudiosos, em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. " As diferenças entre homens e mulheres apontam para políticas de controle da doença que reflitam a diversidade dos gêneros" .
Para a pesquisa, foram selecionados indivíduos que relataram sintomas de dor nos últimos 12 meses, com duração maior do que uma semana ou frequência mínima mensal, ocasionando restrição ao trabalho, procura médica ou eram descritos com gravidade maior ou igual a três (numa escala de zero a cinco). Além disso, foi considerado distúrbio musculoesquelético a ocorrência de dor em um ou mais destes lugares: dedos, pulsos, mãos, antebraços, cotovelos, pescoço, ombros, parte superior e inferior das costas, quadris e coxas, joelhos, pernas e tornozelos.
" Não houve diferença entre os sexos para a prevalência de lombalgia (21,2% para mulheres e 21,4% para homens) e 65% dos casos nesta região apresentaram dor nos últimos sete dias" , comentam os pesquisadores. " Trabalhar com dor é uma situação difícil que requer medidas de controle urgentes. Devido à grande importância e prevalência dos distúrbios musculoesqueléticos, é necessário que a sua mensuração seja feita adequadamente, em estudos epidemiológicos".