Dispositivo desenvolvido na Universidade da Flórida, nos Estados Unido, é nova arma contra problemas de deglutição entre pacientes com Parkinson.
A nova abordagem fortalece os músculos envolvidos na deglutição e ajuda evitar uma das causas mais comuns de morte entre esses pacientes, a pneumonia causada pela inalação de materiais estranhos, como alimentos, durante a ingestão.
"Os muitos músculos envolvidos na deglutição enfraquecem progressivamente nos pacientes com a doença de Parkinson e se tornam descoordenados, da mesma forma que os pacientes perdem a coordenação e força nos braços e nas pernas", disse a investigadora principal do estudo, Michelle Troche. " Também se torna mais difícil para esses pacientes sentir materiais em suas vias aéreas e tossir forte o suficiente para expulsá-lo."
Para o estudo, os pesquisadores treinaram participantes com Parkinson a exalar em um dispositivo de Treinamento de Força Muscular Expiratória, ou EMST. Em estudos anteriores, EMST melhorou a função de deglutição e tosse em pacientes com esclerose múltipla e em idosos e adultos sedentários.
"EMST usa a teoria do exercício básico de qualquer programa de treinamento de força," disse a co-investigadora Christine Sapienza.
O dispositivo é baseado no conceito que a sobrecarga com uma pressão calibrada libera uma válvula que não abrirá até que você gere uma pressão grande o suficiente no pulmão.
O paciente ou o médico pode variar a quantidade de pressão necessária para abrir a válvula no dispositivo. Quanto maior a pressão que você precisa, mais forte os músculos têm que ser. Ele atua como um pino em uma máquina de peso e usa o mesmo conceito para fortalecer os músculos envolvidos na deglutição e respiração.
Tratamento em casa
Os participantes foram divididos em dois grupos de 30. Em um dos grupos, os participantes usaram o dispositivo EMST com calibração adequada.
Os outros participantes usaram um aparelho que parecia exatamente o mesmo, mas não trabalhava para fortalecer os músculos.
Nem os participantes nem os terapeutas do estudo sabiam quem tinha o dispositivo real e quem tinha o dispositivo simulado.
Participantes utilizaram os aparelhos em suas casas por 20 minutos por dia, cinco dias por semana durante quatro semanas. Terapeutas os visitavam uma vez por semana para saber se os participantes utilizaram o dispositivo corretamente. Após o período de estudo, os participantes no grupo " placebo" receberam o tratamento EMST.
Os investigadores mediram a deglutição dos participantes antes e após o tratamento com uma escala padronizada de segurança, a escala de penetração de aspiração, desenvolvida em parte pelo professor João Rosenbek.
Na pesquisa foi utilizada a videofluoroscopia para obter imagens em movimento de raios-X de músculos dos participantes conforme eles engoliram um líquido.
Um terço dos participantes que usaram o dispositivo com calibração tinham melhorado significativamente as pontuações de segurança de deglutição em comparação com 14% dos participantes no grupo do placebo.
"O fato de EMST ser um tratamento feito em casa é de particular importância já que muitas pessoas com a doença de Parkinson não podem viajar longas distâncias para participar de sessões de terapia em hospitais ou clínicas", observou a professora Stephanie Daniels. "Muito poucos estudos de tratamento da deglutição têm incorporado a projeto de pesquisa rigoroso utilizado neste estudo. Precisamos de mais estudos como este para apoiar o tratamento de diferentes abordagens usadas na reabilitação da deglutição."