Um estudo recém-publicado no American Journal of Epidemiology confirma pesquisas anteriores de que a terapia de reposição hormonal, apesar de reduzir os sintomas da menopausa, não traz vantagens à saúde da mulher. Segundo o doutor em Neurologia pela Unicamp, Ricardo Teixeira, já são muitas as evidências de que o uso prolongado desse tipo de abordagem, além de não proteger a mulher da doença coronariana, aumenta o risco de derrame cerebral, trombose nas veias e câncer de mama.
" Ainda pairava no ar a suspeita de que os benefícios seriam maiores se a terapia de reposição hormonal fosse iniciada em fases mais precoces na transição para a menopausa. Entretanto o novo estudo deu um certo banho de água fria nessa hipótese" , revela o médico. Ele explica que, quando se comparou as mulheres que começaram a terapia de reposição hormonal mais tarde com as que iniciaram precocemente, não houve diferença na incidência de doença coronariana, derrame cerebral ou trombose venosa. " Além disso, houve até mesmo uma leve tendência ao aumento de câncer de mama entre as mulheres que iniciaram a terapia mais cedo" , afirma.
Esses são resultados do desdobramento do mesmo estudo que, ainda em 2002, fez com que as indicações de terapia de reposição hormonal diminuíssem drasticamente após a demonstração de seus riscos numa população de milhares de mulheres. Veja abaixo que essas indicações estão cada vez mais restritas, posição atualmente consensual entre pesquisadores da área.
Recomendações para o uso da terapia de reposição hormonal (TRH)
A TRH só deve ser indicada se os sintomas de menopausa forem moderados ou severos;
As mulheres devem avaliar cuidadosamente os potenciais riscos e benefícios da TRH;
Os hormônios devem ser usados na mínima dose e pelo menor tempo possível;
A TRH não deve ser utilizada para a prevenção de doenças cardiovasculares ou demência;
A mulher em uso de TRH deve ser clinicamente reavaliada a cada período de 3 a 6 meses ou pelo menos uma vez por ano.