A cada mês, duas novas vítimas de escalpelamento chegam à emergência dos hospitais de Belém e de Macapá, no Pará. Somente em outubro passado, época da festa popular do Círio de Nazaré, em Belém, foram registrados 10 acidentes. Durante o ano todo foram 24 casos.
Os escalpelamentos acontecem quando os cabelos e o couro cabeludo dos passageiros de barcos que navegam nos rios da Amazônia são violentamente arrancados ao se enroscarem no eixo dos motores em movimento.
O cirurgião Cláudio Brito, especialista que atende vítimas de escalpelamento na Santa Casa de Belém, tem hoje cinco vítimas em tratamento. Sete estão em um albergue esperando atendimento. Mas o número de casos pode ser maior, porque muitas vítimas tentam se recuperar em casa e só procuram auxílio médico quando percebem que os cabelos não voltaram a crescer.
Em outubro passado, um grupo de mulheres vítimas de escalpelamento esteve na Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados, em Brasília, para pedir apoio.
A presidente da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá, Maria do Socorro Pelaes Damasceno, pediu que os médicos que fazem cirurgia reparadora possam ir ao Amapá, porque a maioria das vítimas não tem como se deslocar para os grandes centros.