De acordo com as Nações Unidas, os obstáculos para a expansão do tratamento contra a aids continuam devido à escassez de financiamento, recursos humanos limitados e fracos sistemas de gerenciamento de compra de medicamentos. Um terço dos 144 países analisados relataram uma ou mais interrupção na distribuição de medicamentos.
" Tivemos problemas de má gestão na distribuição de medicamento este ano por conta de problemas de um fornecedor estrangeiro. O Ministério da Saúde não foi capaz de buscar outro fabricante e os pacientes tiveram que fazer a troca de terapia" , comentou o assessor de projetos da ONG Gestos, de Pernambuco, Sérgio Costa. A fala dele é referente ao antirretroviral abacavir. No fim do ano passado, o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais teve problemas na aquisição do remédio e divulgou nota recomendando a substituição dele por outro fármaco de mesma classe.
O documento informou ainda que em 10 países de renda média ou baixa mais de 60% dos portadores do HIV não sabiam que tinham o vírus. Como resultado, muitos pacientes começaram o tratamento tarde demais. No Brasil, de 2003 a 2006, 43,7% dos portadores do vírus tiveram um início de acompanhamento tardio da doença. " Precisamos romper essa barreira para conseguir o acesso universal" , destacou o presidente do Grupo Pela Vidda/SP, Mário Scheffer. Para ele, a principal forma de diminuir esse índice é ampliando a realização de testes de HIV na população. " O Brasil tem 25 mil novos tratamentos por ano, é muito pouco para resolver questão do diagnóstico tardio" , complementou.
Brasil é destaque no relatório
O País está perto de atingir o tratamento universal, já que oferece cobertura de tratamento de 50% a 80% das pessoas infectadas pelo HIV, ao lado de países como Argentina, Chile, Costa Rica e México. É o que aponta o relatório " Rumo ao Acesso Universal" .
Na opinião do ativista José Carlos Veloso, do Gapa São Paulo (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids), o Brasil teve o mérito de realizar ações contra a epidemia por iniciativas governamentais. " O mundo teve bons avanços graças ao financiamento de instituições como o Fundo Global de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária. O nosso país conseguiu implantar estratégias sem depender exclusivamente de financiamentos internacionais" , disse.
Este foi o quarto relatório anual da ONU para o acompanhamento dos progressos realizados para o acesso universal à prevenção, tratamento e cuidados da aids.